Previdência Social e Salário Mínimo: O que esperar do futuro?!
BRASÍLIA – A nova política de valorização do salário mínimo está corroendo os ganhos da reforma da Previdência, alerta Fabio Giambiagi. A vinculação do salário mínimo aos benefícios do INSS, combinada com o crescimento do PIB, impulsionará as despesas previdenciárias em R$ 638 bilhões na próxima década, comprometendo assim os esforços de ajuste fiscal.
Essas mudanças impactam significativamente as finanças públicas. A reforma da Previdência, que previa economizar cerca de R$ 1,136 trilhão, agora enfrenta uma redução significativa em suas projeções. Giambiagi alerta que os gastos adicionais comprometerão grande parte das economias planejadas. O aumento expressivo das despesas com a Previdência Social agrava ainda mais este cenário.
A Política de Valorização do Salário Mínimo:
O governo federal, em abril de 2023, estabeleceu uma nova regra para a correção do salário mínimo. Segundo esta regra, o mínimo será ajustado anualmente pela inflação, além da variação do Produto Interno Bruto (PIB) consolidado de dois anos anteriores. Esse ajuste automático promete um impacto direto nas despesas previdenciárias.
Como essa Medida Afeta a Previdência Social?
O aumento do salário mínimo vinculado à inflação e ao PIB representa uma mudança significativa na dinâmica dos gastos públicos. De acordo com Fabio Giambiagi, despesas do INSS, atualmente em torno de R$ 920 bilhões ao ano, serão fortemente influenciadas. Cerca de 43% dessas despesas, ou R$ 395 bilhões, estão indexadas ao salário mínimo. A política de valorização do mínimo impacta também o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que tem um gasto anual de R$ 105 bilhões.
Reação do Governo às Preocupações Econômicas:
Para mitigar o impacto financeiro crescente, o governo adotou algumas medidas. Na sexta-feira, 26 de janeiro de 2024, duas portarias foram emitidas, iniciando um pente-fino no BPC. Dessa forma, Medidas como revisão de cadastros e combate a fraudes foram destacadas. Beneficiários que não estejam devidamente inscritos no CadÚnico ou com cadastros desatualizados terão até 90 dias para regularizar sua situação.
As Soluções Apresentadas São Suficientes?
Especialistas, contudo, argumentam que essas medidas não serão suficientes para sanar todos os problemas. Paulo Tafner, presidente do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social, e co-autor junto com Giambiagi do livro “A Reforma Inacabada – O futuro da Previdência Social no Brasil”, destaca que a vinculação dos benefícios ao salário mínimo é uma das raízes do aumento descontrolado dos gastos.
O Impacto da Demografia e a Necessidade de Reformas:
Outro fator a ser considerado é o envelhecimento rápido da população brasileira. Com o aumento do contingente de indivíduos com 65 anos ou mais, a pressão sobre a Previdência tende a crescer. Segundo Tafner, a tendência de aumento das despesas previdenciárias é exacerbada por uma demografia que favorece a aposentadoria, resultando na necessidade de novas reformas antes do fim da década.
Posicionamento do Governo e a Luta Contra a Pobreza:
O governo federal defende que a política de valorização do salário mínimo faz parte de uma estratégia para combater a pobreza entre os idosos e outras populações vulneráveis. O secretário do Regime Geral de Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal, admite que há um impacto financeiro significativo, mas pontua que esses gastos fazem parte de um esforço maior para garantir um padrão de vida adequado na velhice.
Conclusões:
Há uma divergência considerável entre os economistas e o governo sobre a real eficácia da política de aumento do salário mínimo em combater a pobreza. Fabio Giambiagi e Paulo Tafner argumentam que, embora haja uma intenção positiva por trás da medida, os impactos sobre a pobreza e a desigualdade são mínimos. A política, segundo eles, acarreta um aumento desproporcional nas despesas previdenciárias sem necessariamente alcançar os objetivos de redução da pobreza.
Dessa forma, a questão fica em aberto: qual será o futuro da Previdência Social no Brasil diante dessas novas diretrizes? Quais serão os próximos passos do governo para equilibrar as contas públicas enquanto tenta cumprir suas promessas sociais? Acompanhemos os desdobramentos dos próximos anos.