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Bolsa Família reduz busca por empregos! Confira o impacto do benefício no mercado!

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A expansão dos benefícios do Bolsa Família nos últimos anos tem gerado discussões sobre seu impacto no mercado de trabalho brasileiro. O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) aponta que a maior abrangência do programa pode estar desencorajando a busca por emprego, especialmente entre mulheres, jovens e trabalhadores de baixa qualificação nas regiões Norte e Nordeste do país.

O estudo, elaborado por Daniel Duque, mestre em ciências econômicas na UFRJ e pesquisador do FGV Ibre, utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE. Segundo Duque, a metodologia aplicada permite analisar os efeitos das transferências de renda na participação da força de trabalho em diferentes áreas do Brasil.

Como o Bolsa Família Impacta a procura de emprego nas regiões mais vulneráveis?

A análise investigou os anos de 2019, 2022 e 2023, destacando que antes da pandemia de Covid-19, o impacto do Bolsa Família na busca por trabalho era praticamente nulo. No entanto, a partir de 2020, com o aumento significativo do valor dos benefícios, a correlação começou a mostrar um desestímulo à procura ativa por emprego.

Com o valor médio do benefício triplicado, os resultados más recentes do segundo trimestre de 2024 mostram que essa tendência continua forte. Esse efeito é especialmente visível entre os segmentos mais vulneráveis da população, como jovens, mulheres e trabalhadores com baixa qualificação.

Fonte: 
Prefeitura Municipal de São Francisco de Itabapoana
Fonte: Prefeitura Municipal de São Francisco de Itabapoana

Quais os efeitos dessa política pública para o mercado de trabalho?

Fernando Chertman, professor de Macroeconomia da Faculdade Belavista, considera que o período de estudo ainda é curto para conclusões definitivas. Ele destaca que o Bolsa Família tem vários aspectos positivos, como a redução da pobreza e da desigualdade, desenvolvimento infantil e adolescente, mas também possíveis desvantagens, como estagnação econômica local e incentivo à informalidade.

Mesmo assim, Claudio Shikida, doutor em economia e especialista do Instituto Millenium, ressalta que programas desse tipo podem criar dependência entre os mais pobres se os valores dos benefícios forem altos, levando à substituição da busca ativa por emprego pela dependência do auxílio.

O que dizem os números recentes do Bolsa Família?

Os dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome revelam que em 2024, 20,7 milhões de famílias recebem o benefício, com um valor médio de R$ 684,27. O Nordeste é a região com mais beneficiários, seguido pelo Sudeste e Norte. Além disso, famílias lideradas por mulheres representam a maioria dos participantes do programa.

  • Número de famílias beneficiadas: 20,7 milhões
  • Região com maior número de beneficiários: Nordeste (9,28 milhões)
  • Valor médio do benefício: R$ 684,27

Shikida sugere que o custo de oportunidade desempenha um papel crucial na decisão das famílias sobre permanecer ou sair do programa. A regra de proteção do Bolsa Família incentiva a formalização do emprego, permitindo que as famílias mantenham uma parte do benefício ao entrarem no mercado de trabalho formal.

Como melhorar as políticas públicas?

Outro estudo do FGV Ibre, realizado pelo Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste, mostrou um aumento na participação de programas sociais na renda dos domicílios brasileiros, mesmo com a expansão do mercado de trabalho. A proporção da renda proveniente de benefícios sociais aumentou de 2,6% em 2021 para 3,7% em 2023.

Chertman defende que programas como o Bolsa Família precisam ser parte de um conjunto maior de políticas, incluindo educação e saúde, para realmente ajudar as famílias a sair da situação de vulnerabilidade. Shikida complementa que aumentar a produtividade por meio de cursos técnicos e estímulos ao empreendedorismo pode ser fundamental para transformar dependentes em pessoas produtivas.

  • Implementar cursos técnicos focados nas demandas do mercado
  • Estimular o empreendedorismo
  • Facilitar a formalização das empresas

Assim, ao melhorar a produtividade, é possível diminuir a vulnerabilidade e promover um crescimento econômico mais sustentável.