Brasil Deve Reduzir Exposição à Fumaça de Queimadas para Prevenir Aumento de Câncer!
O Brasil precisa diminuir drasticamente a exposição da população à fumaça gerada pelas queimadas. Esta ação é essencial para evitar um aumento significativo dos casos de câncer nas próximas décadas. A epidemiologista Ubirani Otero, chefe da Área Técnica Ambiente, Trabalho e Câncer do Instituto Nacional de Câncer (Inca), fez um alerta, descrevendo o cenário atual como “muito preocupante”.
A pesquisadora conversou com a Agência Brasil sobre os efeitos devastadores da fumaça na saúde humana. Segundo ela, se não prevenirmos hoje, corremos o risco de ver um aumento nos tipos de câncer relacionados ao sistema respiratório em um futuro próximo.
Fumaça das queimadas e câncer: qual é a relação?
Segundo Ubirani Otero, a melhor forma de prevenção contra o câncer é eliminar a exposição a agentes carcinogênicos. A fumaça das queimadas é particularmente perigosa porque contém inúmeros compostos químicos nocivos. “As queimadas geram muito material particulado, incluindo monóxido de carbono, solventes, metais pesados, hidrocarbonetos aromáticos e fuligem”, explica a especialista.
Os incêndios florestais que ocorrem pelo Brasil em 2024 são alarmantes. De janeiro a agosto, os incêndios devastaram 11,39 milhões de hectares. Somente em agosto, o fogo consumiu 5,65 milhões de hectares, uma área equivalente ao estado da Paraíba.
Como as queimadas afetam a saúde a longo prazo?
A relação entre queimadas e câncer é direta. O tipo de câncer mais comumente ligado à exposição prolongada à fumaça é o de pulmão, além de outros que afetam o sistema respiratório. Ubirani Otero destaca que, devido ao grande período de latência dos cânceres, os efeitos dessa poluição atual no desenvolvimento da doença só serão visíveis de 20 a 30 anos.
Outros grupos vulneráveis incluem crianças, idosos e trabalhadores de áreas abertas. Bombeiros, que enfrentam diretamente as chamas, precisam estar rigorosamente equipados para se proteger da fumaça tóxica.
Quais são as recomendações para evitar a exposição?
Para diminuir a exposição à fumaça, Ubirani Otero sugere algumas medidas práticas:
- Evitar sair de casa durante picos de fumaça.
- Usar máscaras de proteção.
- Beber bastante água.
- Lavar as narinas frequentemente.
Além disso, a especialista recomenda suspender aulas em períodos críticos para proteger as crianças, que são mais vulneráveis aos efeitos da fumaça. “As crianças, devido à maior atividade física, acabam inalando mais fumaça comparado aos adultos”, alerta.
Como prevenir as queimadas no Brasil?
A Polícia Federal abriu investigações para determinar se as queimadas têm origem criminosa. Existem indícios de ações coordenadas. Essas investigações são vitais para entender e prevenir futuras queimadas.
Em resposta ao cenário atual, foram criados gabinetes de crise em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. A criação de uma sala de situação preventiva pelo governo em junho mostra que a questão está sendo tratada com seriedade.
Recomendações do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde oferece um conjunto de recomendações adicionais para ajudar a população a lidar com a exposição à fumaça:
- Manter-se informado sobre a qualidade do ar na sua região.
- Limitar atividades ao ar livre.
- Consultar um médico em caso de sintomas persistentes, como tosse ou dificuldade para respirar.
O futuro da saúde pública no Brasil
Enfrentar as queimadas e diminuir a exposição à fumaça são desafios cruciais para o futuro da saúde pública no Brasil. Evitar a degradação da qualidade do ar é uma responsabilidade compartilhada entre governantes e população. Com ações conjuntas, é possível prevenir muitos casos de câncer e outras doenças respiratórias nos próximos anos.
A pesquisadora Ubirani Otero conclui com um aviso: “A fumaça das queimadas é tão prejudicial à saúde quanto a do tabaco. A soma de fatores de risco pode aumentar drasticamente a incidência de doenças graves”.
Portanto, é imperativo adotar todas as medidas de precaução para reduzir os danos à saúde e garantir um futuro mais saudável para a população brasileira.