Desenrola Brasil foi uma farsa? Especialistas criticam eficácia da medida
Lançado em julho pelo Ministério da Fazenda, o programa Desenrola Brasil mira a recuperação econômica por medidas pouco ortodoxas. A premissa é audaciosa: reduzir a inadimplência e a dívida pública, facilitando o acesso ao crédito. No entanto, a implementação desse plano gerou um amplo debate sobre sua eficácia e consequências.
Exceto pelo impacto imediato de limpar o nome de milhões de inadimplentes, a estratégia do governo tem sido questionada. Através deste programa, quem está com débitos pendentes pode obter novos financiamentos, potencialmente perpetuando um ciclo de dívida. Oficialmente, o objetivo é reativar o consumo e incentivar a movimentação econômica.

O que é o Desenrola Brasil?
Implementado como uma forma de intervir na espiral de dívidas, o Desenrola Brasil é essencialmente um mecanismo onde o governo atua como garantidor de dívidas não quitadas. Projetado para limpar o nome dos cidadãos no Serasa, visa oferecer uma segunda chance de acesso a empréstimos e financiamentos.
Qual o custo do programa para os cofres públicos?
O Tesouro Nacional se comprometeu a gastar impressionantes R$ 57,5 bilhões. Esses recursos são destinados para cobrir garantias de créditos malparados e também renúncias fiscais beneficiando os bancos. Esse montante supera consideravelmente o investimento em infraestrutura feito no último ano.
Críticas e repercussões do programa
Segundo especialistas, apesar das intenções iniciais do governo, o programa favorece desproporcionalmente os indivíduos já bem posicionados economicamente. Para muitos, o programa pode parecer um paliativo que não resolve a causa raiz do problema da dívida no Brasil, sendo a falta de educação financeira e o crédito fácil. A longo prazo, isso pode contribuir para um cenário de ainda mais endividamento.
Adesão dos bancos e suas implicações
A adesão quase imediata dos grandes bancos — como Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal —, que representam cerca de 70% do mercado de crédito, sugere um interesse mútuo entre o setor financeiro e o governo nesta iniciativa. Esses bancos rapidamente se posicionaram para limpar o nome de devedores, com a Caixa Econômica Federal, por exemplo, abrindo suas agências mais cedo para gerenciar a alta demanda.
Embora o programa possa inicialmente parecer uma manobra benéfica, é fundamental continuar observando suas consequências a médio e longo prazo. As melhores intenções podem, sem as precauções adequadas, conduzir a resultados contraproducentes, ampliando a desigualdade e complicando a situação fiscal do país.