Hanseníase ou Lepra: O Que Você Precisa Saber
O Janeiro Roxo é uma campanha anual que reforça a conscientização sobre a hanseníase, uma doença infecciosa que ainda carrega estigmas históricos e sociais significativos. A hanseníase, embora seja curável, pode resultar em lesões graves e danos neurais irreversíveis se não tratada a tempo. No cenário mundial, o Brasil destaca-se como o segundo país com maior prevalência da doença, ficando atrás apenas da Índia. Em 2023, foram registrados 22.773 novos casos da doença no país, segundo dados do Ministério da Saúde.

A campanha Janeiro Roxo busca informar a população, desmistificar tabus e sublinhar a importância do diagnóstico precoce e do tratamento efetivo. Dessa forma, é possível promover a eliminação da hanseníase como problema de saúde pública no Brasil, reforçando a necessidade de dignidade e saúde para todos.
O que é Hanseníase e Como é Transmitida?
Hanseníase é uma infecção causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, que afeta a pele, mucosas e nervos periféricos. A doença é transmitida através do contato direto e prolongado com uma pessoa infectada que ainda não iniciou o tratamento, principalmente por meio de gotículas respiratórias, como tosse e espirros. No entanto, é importante ressaltar que cerca de 90% das pessoas são naturalmente resistentes ao bacilo, graças a fatores genéticos e à resposta imunológica.
A dermatologista Ana Elisa Mendonça esclarece que o desenvolvimento da hanseníase depende da interação entre o sistema imunológico da pessoa e o bacilo. Muitas pessoas podem entrar em contato com a bactéria e não contrair a doença.
Quais são os Sintomas da Hanseníase?
Os sintomas iniciais da hanseníase podem incluir uma variedade de manifestações cutâneas e neurológicas. Aqui estão alguns sinais comuns:
- Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele: Essas regiões podem apresentar perda de sensibilidade ao toque.
- Dormência ou formigamento: Sensações anormais em mãos e pés.
- Placas infiltradas ou nódulos: Podem aparecer na face e lóbulos das orelhas.
- Redução do suor e dos pelos: Especificamente nas áreas afetadas pela doença.
- Lesões indolores: Queimaduras ou ferimentos em mãos e pés, que não causam dor.
- Alterações motoras: Como “mão em garra” e “pé caído”.
Diagnóstico da Hanseníase: Um Passo a Passo
O diagnóstico da hanseníase é fundamental para iniciar o tratamento adequado e evitar complicações. Ele é realizado por um profissional de saúde, geralmente um dermatologista ou um médico especializado em doenças infecciosas, através da análise de sinais e sintomas característicos da doença.
Como o diagnóstico é feito:
- Exame físico detalhado: O médico irá examinar cuidadosamente a pele, procurando por lesões, manchas, nódulos ou áreas com perda de sensibilidade. Ele também avaliará os nervos periféricos, buscando por espessamento ou dor.
- Observação de lesões: O médico observará a cor, o tamanho e a forma das lesões, além de verificar se há perda de pelos, suor ou sensibilidade.
- Avaliação da sensibilidade: O médico testará a sensibilidade da pele ao toque, à dor e à temperatura, utilizando instrumentos específicos.
- Exame dos nervos: O médico palpará os nervos periféricos, como o ulnar, radial e mediano, em busca de espessamento ou dor.
- Histopatológico: Uma pequena amostra de pele é coletada e enviada para análise em um laboratório. Essa biópsia permite identificar a presença do bacilo de Hansen nos tecidos.
- Baciloscopia: Uma amostra de raspado de lesão é coletada e corada para identificar a presença de bacilos de Hansen. Essa técnica é menos específica que a histopatológica, mas pode ser útil em alguns casos.
- Exames complementares: Em alguns casos, podem ser solicitados outros exames, como:
- Exames de sangue: Para avaliar a função de outros órgãos e identificar marcadores inflamatórios.
- Teste de Mitsuda: Um teste cutâneo utilizado para avaliar a resposta imune do paciente.
- Eletromiografia: Para avaliar a função dos nervos.
Critérios para o diagnóstico:
O diagnóstico da hanseníase é baseado em um conjunto de critérios clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. Os principais critérios incluem:
- Presença de lesões de pele características
- Perda de sensibilidade
- Comprometimento de nervos periféricos
- Identificação do bacilo de Hansen em exames laboratoriais
É importante ressaltar que o diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento adequado e evitar complicações.
Por que o diagnóstico é importante?
O diagnóstico precoce da hanseníase é crucial por diversos motivos:
- Início do tratamento: Permite iniciar o tratamento o mais rápido possível, evitando a progressão da doença e o desenvolvimento de sequelas.
- Prevenção da transmissão: O tratamento interrompe a cadeia de transmissão da doença.
- Melhora da qualidade de vida: O tratamento adequado permite que os pacientes tenham uma vida normal e produtiva.
Se você suspeitar que possa ter hanseníase, procure um médico. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são a chave para a cura e para evitar complicações.
Qual a Importância do Tratamento e Diagnóstico Precoce?
O tratamento para a hanseníase é realizado com a poliquimioterapia única (PQT-U), que inclui uma combinação de medicamentos disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A duração do tratamento varia conforme o tipo de hanseníase: seis meses para casos paucibacilares (menos de cinco lesões) e doze meses para os multibacilares (mais de cinco lesões).
A dermatologista Ana Elisa enfatiza que, além de eficaz na cura da doença, o tratamento é crucial para prevenir complicações e interromper a transmissão. O diagnóstico precoce é essencial para evitar sequelas e limitar a propagação da hanseníase.
Como Combater o Preconceito e Promover a Conscientização?
Apesar dos avanços no tratamento, a hanseníase ainda enfrenta o estigma do preconceito. Termos históricos como “lepra” e o passado de isolamento compulsório contribuem para a discriminação e o atraso na busca por atendimento médico. Muitas pessoas ainda acreditam, erradamente, que a hanseníase é altamente contagiosa e sem cura, resultando em medo e exclusão social.
A campanha Janeiro Roxo desempenha um papel vital em desmistificar esses preconceitos, informando a população de que a hanseníase é curável. Conscientizar sobre a doença é o primeiro passo para garantir dignidade e saúde, eliminando a hanseníase como um problema de saúde pública no Brasil, conforme destaca Ana Elisa Mendonça.