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Incêndios Aumentam Perdas na Cana-de-Açúcar em SP! Veja aqui:

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A onda de incêndios no interior de São Paulo agravou as perdas das lavouras de cana-de-açúcar, que já enfrentavam dificuldades desde abril devido à seca que assola a região. O fogo não só queimou canas prontas para a colheita como também destruiu rebrotas essenciais para a próxima safra.

Essa situação crítica vai aumentar os custos dos produtores para renovar as plantações, diminuir a produtividade e pode impactar os preços do açúcar e do etanol. Segundo José Guilherme Nogueira, CEO da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), e Maurício Muruci, analista de cana-de-açúcar da Safras e Mercados, a previsão é de mais queda de produção, especialmente porque a seca deve se prolongar até setembro.

Impacto da Seca na Cana-de-Açúcar:

Desde o início da safra de cana-de-açúcar em abril, o estado de São Paulo já tinha uma projeção frustrante de colheita por conta da seca. Inicialmente, esperava-se colher 420 milhões de toneladas de cana, mas esse número foi revisto para 370 milhões de toneladas, uma queda de 12%.

A seca persiste desde abril, praticamente sem chuvas nos canaviais, tornando as plantas mais finas, rachadas e menos produtivas em termos de açúcar. Segundo Nogueira, “a cana acaba não ficando boa para a extração e, portanto, para a produção de açúcar e etanol”.

Como os Incêndios Afetam a Produção de Cana-de-Açúcar?

Os incêndios ocorridos entre os dias 23 e 24 de agosto apenas pioraram a situação. Foram mais de 2 mil focos de fogo, queimando cerca de 5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em 59 mil hectares. Embora este percentual represente apenas 1,5% da produção total de SP, o impacto a longo prazo é preocupante.

Cada planta de cana consegue rebrotar de cinco a seis vezes, o que significa que, após os incêndios, alguns produtores terão que replantar ou terão menos safras com o mesmo plantio. Isso aumenta os custos de produção e compromete a produtividade futura.

Quais São as Perdas Previstas?

A Orplana deve divulgar novos números sobre os impactos dos incêndios nos próximos dias. Como a seca deve continuar em setembro, uma nova redução nas estimativas de colheita é esperada.

Muruci, do Safras, observou que a primeira metade da safra de cana já teve uma redução de 30% na produtividade por hectare. Com os incêndios, espera-se uma queda adicional de 30%, totalizando uma redução de 60% na produtividade da cana para este segundo semestre.

Impacto no Preço do Açúcar e Etanol:

Para Muruci e Nogueira, a combinação de seca e incêndios pode levar ao aumento dos preços do etanol e do açúcar. “Quando você tem essa redução de produtividade, você tem menos oferta de matéria-prima para a indústria. E isso vai impactar preços”, explica o CEO da Orplana.

Na segunda-feira, 26 de agosto, os contratos futuros do açúcar bruto na Bolsa de Nova York subiram 3,5%, influenciados pelos incêndios no Brasil, o maior produtor de cana do mundo. Na terça-feira, 27 de agosto, os preços continuavam em alta, com um aumento de 1,67% pela manhã.

Para o etanol, Muruci acredita que o impacto ao consumidor deve ser sentido em cerca de 15 a 20 dias, uma vez que a cana danificada precisa ser colhida, processada e distribuída até chegar aos postos de gasolina.

Assim, a crise gerada pelos incêndios e a persistente seca não afeta apenas os produtores de cana, mas também toda a cadeia de produção e distribuição que depende dessa matéria-prima, resultando em possíveis aumentos no preço do açúcar e do etanol para os consumidores.