Juros e Economia: Corte da Taxa Selic Depende de Ações do Governo! Entenda Aqui:
Os juros básicos do Brasil estão fixados hoje em 10,5% ao ano. Definida pelo Banco Central (BC), a taxa Selic serve como referência para bancos e outras instituições financeiras definirem seus juros, ou seja, o custo do dinheiro em operações como empréstimos ou prestações.
Uma taxa elevada tende a encarecer o crédito, dificultando a realização de operações e travando a movimentação do dinheiro, e, portanto, da economia. Para economistas ouvidos pela CNN, o atual patamar da Selic é de fato restritivo.
Taxa Selic e Seus Impactos na Economia:
O atual ciclo de alta da Selic teve início em agosto de 2020 e se estendeu até agosto de 2022, quando a taxa atingiu 13,75% ao ano, o maior valor desde 2016. Esse aumento foi uma resposta direta à pressão inflacionária causada pela pandemia da COVID-19. Em agosto de 2023, a Selic começou a cair, mas ainda está acima da taxa de juros neutra — aquela que nem trava nem movimenta a economia.
Segundo o economista Antonio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP e ex-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), o atual patamar da Selic gera “restrição do crescimento econômico, estrangulamento dos devedores, valorização artificial do câmbio e aumento do custo de rolagem da dívida pública”.
O Que Influencia a Decisão do Banco Central?
A decisão do Banco Central sobre a Selic não é feita em um vácuo. Há diversos fatores a serem considerados, incluindo:
- Inflação: A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 4,45% em 12 meses encerrados em julho de 2024, se aproximando do teto perseguido pelo BC.
- Gastos Públicos: O aumento dos gastos públicos e tensões entre o governo e o BC também contribuem para a deterioração das expectativas do mercado.
- Cenário Externo: A potencial valorização do real e o ciclo de corte de juros nos Estados Unidos podem influenciar a política monetária doméstica.
Quando a Selic Pode Voltar a Cair?
Até o começo do ano, a expectativa era de que a Selic encerrasse 2024 em um dígito. No entanto, as apostas mudaram e agora parte do mercado acredita que ela possa voltar a subir. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 18 e 19 de setembro, é aguardada com expectativa de uma possível alta de 0,25 ponto percentual, dependendo do cenário econômico até lá.
Segundo Thaís Zara, economista sênior da LCA Consultores, “possivelmente, mais para o final do ano de 2025, seja possível pensar em voltar a cortar os juros, pensando em uma inflação convergindo mais ao centro da meta em 2026/2027”. Dessa forma, a análise de Thaís sugere que há esperança para uma redução da Selic, mas não antes de uma série de fatores econômicos se ajustarem.
Quais são os Desafios para a Redução da Selic?
Além dos desafios internos, como o controle dos gastos públicos e a inflação, o Brasil também enfrenta desafios externos. As incertezas relativas ao mercado global, a política fiscal do governo e a autonomia do Banco Central são alguns dos principais pontos de preocupação.
Segundo Carlos Braga, ex-diretor de Política Econômica e Dívida do Banco Mundial, “a menos que o governo restaure a credibilidade de sua política fiscal, o aperto monetário é inevitável”. Isso significa que a redução dos juros depende diretamente de um ajuste na política fiscal do governo brasileiro.
Recomendações dos Economistas:
Para que os juros possam voltar a um patamar que favoreça o crescimento econômico, especialistas recomendam algumas ações:
- Controlar os gastos públicos para reduzir o déficit primário.
- Restaurar a credibilidade da política fiscal do governo.
- Ajustar as políticas monetárias em consonância com os objetivos de inflação.
- Monitorar e ajustar conforme necessário, o cenário externo que influencia a economia local.
Em suma, o corte de juros do Banco Central depende de um complexo conjunto de fatores. Com políticas fiscais adequadas e controle da inflação, a esperança é que os juros possam ser reduzidos em um futuro próximo, beneficiando a economia nacional.