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Declaração Polêmica Sobre Depressão Gera Revolta Entre Servidores do INSS

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Uma declaração feita pelo diretor de Governança, Planejamento e Inovação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Ismênio Bezerra, gerou protestos entre os servidores do instituto. Em uma reunião ocorrida na semana passada, ele teria afirmado que os funcionários com depressão estavam assim porque “não querem trabalhar”. Esse comentário trouxe à tona debates sobre saúde mental e condições de trabalho no setor público.

Declaração Polêmica Sobre Depressão Gera Revolta Entre Servidores do INSS
Homem sendo atendido – Saúde – Créditos: depositphotos.com / HayDmitriy

A fala do diretor aconteceu durante discussões sobre o novo Programa de Gestão por Desempenho (PGD), que visa incluir o teletrabalho para alguns servidores. A declaração foi imediatamente rebatida por representantes dos trabalhadores, que destacaram as dificuldades enfrentadas no dia a dia e acusaram a gestão de desconsiderar as reais causas dos problemas de saúde mental.

Qual a Reação dos Servidores do INSS?

Os servidores do INSS, por meio de suas entidades representativas, expressaram repúdio à fala do diretor. Eles ressaltaram o acúmulo de casos de depressão, ansiedade e esgotamento profissional entre os funcionários, fatores ligados, segundo eles, a condições precárias de trabalho e assédio moral. Um estudo recente da Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps) apontou para o aumento desses casos no INSS.

Além da indignação gerada pelas declarações, as entidades criticaram a aparente desconexão da gestão com as campanhas internas do próprio instituto, como o “Janeiro Branco”, que foca na valorização da saúde mental. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no Estado do Rio Grande do Sul (Sindisprev-RS), há uma incoerência entre o discurso e a prática dentro do INSS.

O que Diz a Direção do INSS?

Ismênio Bezerra, por outro lado, alega que suas palavras foram retiradas do contexto de uma reunião da qual participou apenas parcialmente. Ele defendeu o trabalho dos servidores e o papel essencial que desempenham para o país. Ainda, destacou que o PGD é uma iniciativa legal e não retira direitos dos trabalhadores, mas adapta a gestão às necessidades específicas do INSS.

Segundo Bezerra, a associação entre o PGD e casos de depressão não tem embasamento científico e ignora a complexidade do transtorno, que possui causas multifatoriais. Ele procurou reforçar a seriedade com que o tema deve ser tratado e a importância de evitar conclusões precipitadas com base em suposições.

Desafios e Perspectivas para o Futuro

A situação no INSS revela um cenário desafiador, onde a implementação de novas políticas de gestão se choca com as realidades vividas pelos servidores. O equilíbrio entre inovação administrativa e a saúde e bem-estar dos trabalhadores ainda parece ser um objetivo distante. Com a pressão das entidades representativas e os pedidos por mais diálogo, especialmente em relação à compensação da recente greve, o INSS enfrenta a necessidade de repensar suas estratégias de gestão de pessoas.

O desenrolar desta polêmica pode trazer à tona discussões mais amplas sobre saúde mental no trabalho e a adaptação das funções públicas às novas realidades do século XXI. A expectativa é que as negociações entre direção e servidores possam encontrar um meio-termo que valorize tanto a eficiência administrativa quanto o bem-estar dos responsáveis por garantir os direitos previdenciários da população.