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Está muito cansado no trabalho? Você pode estar com Burnout. Saiba identificar os sintomas

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“Como manter a saúde mental em um ambiente em que você precisa usar fone de ouvido para evitar agressões verbais ou para garantir um espaço para realizar uma tarefa?”, questiona a jornalista Izabella Camargo, que ajudou a popularizar a doença burnout no Brasil em 2018.

Para ajudar na preservação da segurança psicológica no ambiente de trabalho, neste ano a jornalista criou um movimento para reconhecer o que ela chama de “EPIs da saúde mental”. Esses equipamentos definem limites para proteger a saúde mental, assim como existem dispositivos de segurança para riscos físicos.

Imagem: Pexels
Imagem: Pexels.

“Hoje já temos números de perdas humanas e financeiras sobre os impactos da falta de saúde mental,” diz Camargo. Ela observou que, assim como demoramos quase 40 anos para ter normas regulamentadoras para proteger pessoas de riscos físicos, é urgente adotar medidas semelhantes para a saúde psicológica.

Entenda o impacto dos EPIs no Ambiente de Trabalho

Entre os EPIs que podem ajudar psicologicamente os funcionários, Camargo destaca no âmbito corporativo o letramento da liderança, direito à desconexão e à flexibilidade. No âmbito individual, ela reforça a autorresponsabilidade, terapias e a educação financeira.

Durante o lançamento do EPI para saúde mental, muitas empresas participaram, afirma Camargo. “Este conteúdo foi construído com base em trocas de experiências entre empresas que buscam prevenir problemas ocupacionais, como o burnout”.

O que é Burnout?

Foi a relação contra o tempo que fez com que Camargo conhecesse o burnout, antes mesmo de ser diagnosticada. Durante a escrita de seu livro “Dá um tempo”, em 2017, Camargo buscava entender a percepção acelerada do tempo na sociedade moderna e se deparou com temas como ansiedade, depressão e estresse.

“Na pesquisa para o meu livro, conheci as doenças do tempo”, explica Camargo. Ela entrevistou especialistas e figuras públicas que compartilharam suas experiências, como o padre Fábio de Mello e o jornalista Ricardo Boechat.

Quais são os Sintomas do Burnout?

Os sintomas de burnout identificados por Camargo incluíam manchas na pele, alergias, queda de cabelo, dor de estômago e até problemas intestinais. Além desses, ela começou a sentir taquicardia e perda de funcionalidade.

“Cheguei a tomar remédios para dar conta da rotina, como remédio para dormir, acordar e performar”, descreve a jornalista. “Fiquei um tempo sem poder dirigir e perdi a capacidade de compreender textos”.

Como identificar um Ambiente de Trabalho Tóxico?

Camargo afirma que o problema do burnout não está necessariamente no trabalho em si, mas no assédio que muitas vezes ocorre no ambiente profissional. “Normalizamos o assédio moral assim como normalizamos dores pelo corpo”, lamenta.

Seguem alguns exemplos de humilhações no trabalho:

  • Desqualificação profissional: Críticas constantes que minam a autoestima.
  • Sobrecarga de trabalho: Tarefas excessivas ou prazos impossíveis.
  • Isolamento social: Exclusão de interações sociais e profissionais.
  • Violência verbal: Gritos, insultos e apelidos pejorativos.
  • Humilhações públicas: Exposição pública de erros e críticas.

Setembro Amarelo e a Importância do Letramento Emocional

Enquanto o Setembro Amarelo foca na prevenção ao suicídio, Camargo acredita que o letramento das emoções é o que realmente faz a diferença. Quem tenta o suicídio deseja se livrar de uma dor invisível, enfatiza a jornalista.

Para ajudar alguém a encontrar uma saída para essa dor, Camargo reforça a importância de oferecer apoio e informação, citando o papel crucial do Centro de Valorização da Vida (CVV).

Como se livrar do Burnout?

Para evitar o burnout, é fundamental reconhecer os sinais e tratá-lo. Após receber o diagnóstico, Camargo se viu diante de uma realidade sem cura, mas com possibilidades de tratamento.

“É como qualquer vício. Se você coloca uma pessoa que já teve problemas com bebida em um ambiente com muita bebida, ela pode recair”, compara Camargo. Um dos passos fundamentais para a recuperação é assumir o controle da própria agenda.

Camargo resume: “Estabelecer limites é responsabilidade sua. Se não consegue, vai adoecer novamente”.