Governo Estuda Alterações no BPC e Seguro-Desemprego para Reduzir Despesas
O governo está considerando modificar os critérios de concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e alterar as regras do seguro-desemprego. O objetivo destas mudanças é reduzir despesas obrigatórias e ajustá-las aos limites do novo arcabouço fiscal. Segundo fontes do governo, os estudos necessários já foram iniciados, embora as propostas ainda estejam em fase de desenvolvimento e precisarão da aprovação política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no momento oportuno.
O BPC, um benefício assistencial equivalente a um salário mínimo mensal, é destinado a pessoas com deficiência e idosos em situação de vulnerabilidade. Atualmente, para ser elegível, a renda familiar per capita deve ser igual ou inferior a 1/4 do salário mínimo, embora uma lei de 2021 tenha flexibilizado esse critério, permitindo a dedução de despesas com saúde e, em casos específicos, a concessão do benefício a famílias com renda de até meio salário mínimo.
Alterações no Benefício de Prestação Continuada (BPC)
Em junho deste ano, o número de beneficiários do BPC atingiu 6 milhões, um aumento significativo em comparação aos 4 milhões de uma década atrás. As alterações nas regras de concessão, incluindo a adoção de um “padrão médio à avaliação social” em vez de avaliações individuais, contribuíram para a aceleração na aprovação dos benefícios, especialmente via decisões judiciais. Mas o que motivou essas mudanças no BPC?
Por que o Governo Quer Modificar as Regras do Seguro-Desemprego?
No caso do seguro-desemprego, a equipe econômica considera que o programa, em seu formato atual, é pró-cíclico e necessita de ajustes. Hoje, para receber o benefício pela primeira vez, o trabalhador deve ter trabalhado com carteira assinada por pelo menos 12 meses nos últimos 18 meses antes da demissão. Esse prazo é reduzido para 9 meses na segunda solicitação e para 6 meses nas subsequentes.
Propostas de Mudanças e Impactos no Seguro-Desemprego
O governo propõe uma padronização destas regras e busca tornar o programa menos pró-cíclico. Em janeiro e fevereiro deste ano, os gastos com seguro-desemprego aumentaram 29,75% em relação ao mesmo período do ano anterior, apesar do aquecimento do mercado de trabalho. Projeções do Ministério do Trabalho e Emprego indicam que essa despesa continuará crescendo, chegando a R$ 64,6 bilhões em 2027. Para melhorar a situação, algumas propostas estão em consideração:
- Padronização dos critérios de concessão do seguro-desemprego.
- Ajustes no tempo de contribuição exigido para recebimento do benefício.
- Redução do impacto pro-cíclico do programa.
Essas mudanças são vistas como alternativas à desvinculação dos gastos da política de valorização do salário mínimo, uma proposta que foi descartada pelo presidente Lula. Para manter essa vinculação, o governo pretende aprimorar as políticas sociais.
Quais São as Alternativas ao Ajuste do Seguro-Desemprego?
O governo está evitando mudanças na vinculação dos pisos de saúde e educação ao crescimento da receita até 2026, devido ao alto custo político dessas alterações. Em vez disso, está focado em revisar benefícios previdenciários e assistenciais, bem como programas como o seguro-defeso e Proagro, dentro da meta de economia estabelecida para 2025. Entre as alternativas estão:
- Revisão dos critérios de elegibilidade do BPC.
- Ajustes nos programas de assistência e previdência.
- Implementação de novos mecanismos de avaliação social.
Em meio a tantas mudanças e estudos, o principal objetivo do governo é manter o equilíbrio fiscal sem deixar de lado a proteção social dos cidadãos mais vulneráveis. A discussão sobre essas medidas ainda está em aberto e promete gerar debates intensos nos próximos meses.