Saque-aniversário: O FGTS que tira e coloca, mas será que vai durar?
O saque-aniversário é uma modalidade que permite ao trabalhador retirar anualmente uma parte do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) no mês de seu aniversário. Essa opção, criada em 2020, oferece uma alternativa ao saque-rescisão tradicional, que permite o saque integral do fundo em caso de demissão sem justa causa. No entanto, ao optar pelo saque-aniversário, o trabalhador não pode sacar o saldo total em caso de demissão, o que tem gerado debates sobre sua viabilidade e impacto econômico.

Recentemente, o governo brasileiro tem discutido mudanças nas regras do saque-aniversário, com o objetivo de permitir que trabalhadores demitidos sem justa causa possam acessar o saldo do FGTS, mesmo tendo aderido a essa modalidade. Essa medida, que ainda está em fase de elaboração, visa beneficiar milhões de trabalhadores e injetar recursos na economia, mas também levanta preocupações em setores como o da construção civil, que depende dos recursos do FGTS para financiamentos imobiliários.
Qual é a proposta de mudança no saque-aniversário?
A proposta do governo é permitir que trabalhadores demitidos sem justa causa possam sacar o saldo do FGTS, mesmo que tenham optado pelo saque-aniversário. Essa mudança deve ser implementada por meio de uma medida provisória, que ainda está sendo discutida com representantes sindicais e outros stakeholders. A ideia é que a medida seja válida para demissões ocorridas nos últimos dois anos, mas ainda há detalhes a serem definidos.
Além disso, há discussões sobre como a medida afetará trabalhadores que utilizaram o FGTS como garantia para empréstimos. Uma das soluções em análise é permitir que esses trabalhadores quitem suas dívidas com o banco utilizando o saldo do FGTS, ou migrem para um novo modelo de crédito consignado que o governo pretende lançar.
Quais são os impactos econômicos esperados?
Especialistas estimam que a liberação dos recursos do FGTS pode injetar cerca de R$ 12 bilhões na economia. Essa injeção de capital pode estimular o consumo e ajudar na recuperação econômica, especialmente em um momento de desafios financeiros. No entanto, há preocupações sobre o impacto dessa medida no setor de construção civil, que utiliza os recursos do FGTS para financiar projetos habitacionais.
O temor é que a liberação dos recursos possa reduzir significativamente o saldo do fundo, afetando a capacidade de financiamento de novas construções. Isso poderia ter consequências para o mercado imobiliário e para a oferta de moradias populares, um dos principais usos dos recursos do FGTS.
Por que o governo está propondo essa mudança?
A mudança nas regras do saque-aniversário é vista como uma estratégia do governo para recuperar apoio popular, especialmente entre a classe trabalhadora. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta desafios em sua popularidade, e a flexibilização das regras do FGTS pode ser uma forma de fortalecer seu apoio entre os trabalhadores.
Além disso, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, tem defendido a revisão do saque-aniversário para permitir que os trabalhadores possam acessar seus recursos em caso de demissão. A proposta, no entanto, enfrenta resistência no Congresso e entre setores que temem os impactos econômicos de uma liberação mais ampla dos recursos do FGTS.
O que esperar do futuro do saque-aniversário?
O futuro do saque-aniversário ainda é incerto, com discussões em andamento sobre como equilibrar os interesses dos trabalhadores e os impactos econômicos da medida. A expectativa é que o governo continue a dialogar com representantes sindicais, setores econômicos e o Congresso para encontrar uma solução que atenda às necessidades dos trabalhadores sem comprometer a sustentabilidade do FGTS.
Enquanto isso, os trabalhadores devem ficar atentos às mudanças nas regras e às oportunidades de acessar seus recursos do FGTS, seja por meio do saque-aniversário ou de outras modalidades que possam ser implementadas no futuro.